O inverno das startups e a arte de fazer mais com menos
Com o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), os layoffs cada vez mais frequentes e com uma escassez enorme de recursos destinados a investimentos de risco, como fica a vida das startups?
A newslettter desta semana é menos técnica e mais filosófica! Na verdade, é um texto de opinião e reflete a minha leitura sobre o que o mercado de tecnologia vive neste momento. Chegou por agora? Pegue um cafezinho, puxe a poltrona e vem comigo!
O inverno está chegando
Antes de qualquer coisa, é importante dizer:
O inverno está chegando (ou melhor, já chegou)!
É nítido que desde 2019 temos vivido tempos extremamente desafiadores: Pandemia global, guerras, instabilidade econômica/política, etc. E é claro que algumas destas questões acabam resvalando no mercado de tecnologia.
Enfim, o inverno chegou para as startups de tecnologia e as razões são diversas:
1 . Layoffs
A primeira razão do “Inverno das Startups” se dá por conta da enorme quantidade de layoffs ocorridos nos últimos meses. Aquela corrida pelo crescimento e pelas contratações aceleradas ocorrida em 2020 e 2021, de alguma forma se materializou em demissões em massa em 2022 e 2023.
Como dizia meu saudoso pai:
O dinheiro jamais leva desaforo para casa! Trate de não maltratá-lo!
E em maior ou menor grau, foi isso que fizeram as startups de tecnologia (no Brasil e no mundo) nos últimos 2 anos e meio: Maltrataram desenfreadamente o capital levantado por investidores (que estavam totalmente propensos a arriscar e faturar múltiplos ainda não experimentados em “exits” anteriores).
O resultado disso? Layoffs e mais layoffs (nome “gourmet” que deram para a famosa “demissão em massa”):
Em Janeiro/2023, tivemos o pior indicador dos últimos 14 anos:
2 . Quebra do “banco das startups”
O Silicon Valley Bank (SVB) é um banco de 40 anos de existência e foi um dos principais financiadores da indústria de Tecnologia e de Venture Capital no mundo todo. Estima-se que metade das startups investidas dos EUA sejam (ou eram) clientes do banco.
Matt Levine, jornalista da Bloomberg resumiu bem o “estopim” do que veio a ser a motivação da quebra do SVB:
“Quando as taxas de juros estão baixas em todos os lugares, um dólar em 20 anos é quase tão bom quanto um dólar hoje, então uma startup cujo modelo de negócios é “vamos perder dinheiro por uma década construindo inteligência artificial e em seguida, arrecadar muito dinheiro no futuro distante” soa muito bem. Quando as taxas de juros são mais altas, um dólar hoje é melhor do que um dólar amanhã, então os investidores querem fluxos de caixa. Quando as taxas de juros estavam baixas por muito tempo e de repente se tornavam altas, todo o dinheiro que estava indo para seus clientes é subitamente cortado.”
Com esta quebra, as expectativas para o mercado não são as melhores possíveis:
É fato que após tudo isto, instaura-se uma crise de credibilidade. Até que ponto estas instituições estão lastreadas em ativos sólidos para honrar seus possíveis e eventuais depósitos em massa? (dado que estavam alavancadas em planos de negócio que não vingarão mais)
O Junior Bornelli (do StartSe) trouxe a seguinte provocação:
“O caso do SVB mostrou como o cenário muda abruptamente. O pensamento era que sempre haveria dinheiro para que as startups continuassem crescendo sem dar retorno. Agora, terão que ser geradoras de caixa. Havia uma distorção no mercado de startups nos últimos 10 anos, e as pessoas não tinham percebido ou não queriam perceber. Com a quebra do SVB, ruiu tudo!” (Junior Bornelli, StartSe)
Com isso, o próximo passo deste inverno será um período marcado pela escassez de recursos. A ver!
3 . Escassez de recursos
Alguns fatos podem acontecer neste período:
Crise de credibilidade nos bancos (ou entidades como VCs ou Private Equities) que fomentam investimentos de risco;
Recursos existentes cada vez mais seletivos (ou seja, o TAM/SAM/SOM precisam ser de fato grandes, o problema a ser resolvido pela startup deve ser verdadeiramente real e os fundamentos financeiros que suportam este crescimento precisam ser sólidos);
Onda de M&As (Fusões e Aquisições) - Empresas maiores encontrarão um excelente momento para comprarem empresas menores por múltiplos bem mais baratos, criando assim um momento de consolidação do mercado (uma verdadeira compra da base/carteira de clientes);
Foco maior no modelo de negócios (e menos no produto), ou seja, produtos disruptivos e que não sejam autossuficientes, serão dizimados (irão literalmente desaparecer);
Redução de custos (empresas que possuem uma elevada relação Receita/Colaboradores terão que revisar seus custos e muitas das vezes, continuar “cortando na carne” os custos das suas operações).
Aqui vale a máxima:
Ou seja, vai se sobressair quem:
Tem um modelo de negócios realmente autossuficiente;
Respeita a “Regra dos 40”: Taxa de Crescimento e Margem de Lucro combinadas devem exceder os 40%;
Possui fundamentos financeiros consistentes (Fluxo de Caixa e Lucro);
Realizar estratégias GTM de forma consciente e eficiente (trabalhando o menor CAC e o maior LTV/CAC possíveis);
Verdadeiramente respeitar e reter os melhores talentos (bons colaboradores elevam a relação Receita/Qtde de Colaboradores).
Essencialismo
E é aqui que eu trago a minha percepção sobre este novo momento que se abre para os negócios de tecnologia:
Teremos que ser extremamente pragmáticos em buscar fazer menos coisas mais bem feitas. Será fundamental canalizar a energia para aquilo que fazemos bem feito e que conseguimos criar um diferencial estratégico no mercado que atuamos.
Enfim, todos nós (founders, executivos e/ou startups) precisaremos ser verdadeiramente essencialistas!
Janela de oportunidade
Pode soar clichê, mas é a mais pura verdade:
É na crise que surgem as melhores oportunidades!
E neste cenário, surgem oportunidades tanto para as empresas quanto para colaboradores. É preciso intencionalidade para aproveitar esta janela de oportunidade e realizar o plantio que renderá os melhores frutos quando tudo amenizar.
1 . Oportunidade para empresas
Vi um post no LinkedIn (do Marcelo Sinhorini do Portal ERP) nesta semana que representou exatamente o que eu penso deste momento que vivemos (quando pensamos em uma perspectiva do lado da empresa):
O que isso quer dizer?
Oportunidade para empresas e empreendedores que irão literalmente replicar outras empresas/soluções/inovações e focarão essencialmente na execução (ou melhor, na disciplina de execução)! Serão extremamente pragmáticos em resolver o problema de uma forma mais eficiente que os seus pares ineficientes e viciados em “cash burn” para buscarem o crescimento a qualquer custo!
Surgem oportunidades como por exemplo:
Criar um novo sistema de Marketing Conversacional e validar o produto com uma GTM baseada em Product-Led-Growth ou Community-Led-Growth (reduzindo assim o CAC e a necessidade de times de vendas inchados e ineficientes);
Criar um novo sistema de Gestão de Projetos e de Tarefas focado em um nicho específico (trazendo assim inovações e diferenciais que os pares maiores não conseguem entregar, justamente por serem maiores e terem a necessidade de atender todo o espectro de mercado);
Criar uma solução All-in-One para que Infoprodutores consigam centralizar (ERP, CRM, CMS, Gatepay de pagamento e Marketing Automation) tudo em uma única plataforma.
Enfim, todas as soluções citadas acima não são disrupções de mercado propriamente ditas (já existem em algum lugar do mundo). A grande oportunidade está em executar estas soluções de uma forma mais eficiente! Executar mais com uma mentalidade “Camelo” e menos com a mentalidade “Unicórnio”.
Oportunidade para colaboradores
Nunca antes na história foi tão oportuno construir múltiplas fontes de renda (e de preferência várias delas passivas).
Independentemente da sua posição atual, seja ela um(a) executivo(a) de vendas consolidado(a) ou um(a) consultor(a) de mercado ou até mesmo um freela em projetos pontuais, a minha dica é:
Não espere para começar a sua segunda, terceira ou quarta fonte de renda. Comece já e espere para ver o mar de possibilidades que se abrirão!
Existe um boom acontecendo para o que chamamos de “trabalho fracionário” (ou “Fractional Work”).
A Reforge (uma das mais renomadas EdTechs para a área tech no mundo), trouxe a seguinte reflexão: The Rise of Fractional Executives (vale muito a pena a leitura deste artigo).
A razão para a sustentabilidade deste modelo é que estamos caminhando cada vez mais para uma era de especialização. Por mais que tenhamos profissionais muito bem posicionados no mercado com o perfil “Full stack” ou “T-Shaped”, uma grande parte dos empregadores não tem conseguido preencher posições específicas em suas organizações.
Exemplos:
Copywriter especialista em SEO e IA com habilidade para operar sistemas baseados em IA e produzir conteúdo especialista para o segmento de Healthtechs;
Chief-Revenue-Officers com especialidade em construir e operar máquinas de geração de receita para empresas de tecnologia;
Chief-Finance-Officers com expertise em direcionar estratégias financeiras para grandes IES (Instituições de Ensino Superior);
Gestor de Tráfego com foco em infoprodutos no segmento de beleza e estética.
Entendem como o grau de especialização e a lei da oferta e demanda produzem um cenário interessante para quem posiciona o seu trabalho de forma única no mercado?
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E aí líder de receita, o que achou desta análise sobre o “Inverno das Startups”? Qual o seu grau de otimismo para enfrentar e superar este momento? Caso faça sentido, encaminhe essa newsletter para a sua rede de contatos e abra um espaço para a discussão!
Seguimos firmes destrinchando e escalando receita em empresas de tecnologia!
Se você chegou até aqui, muito obrigado pela sua leitura! Nos vemos na próxima quinta-feira! :-)