Outra perspectiva sobre o trabalho remoto
Amado por muitos e odiado por outros, o trabalho remoto segue dividindo opiniões e, com o fim da pandemia, parece que foi elencado o vilão da vez. Você saberia dizer por que isso ocorre?
Salve RevLeaders! Como está o trabalho nesta semana? Muitas horas no trânsito ou intermináveis calls que poderiam ser e-mails?
Hoje falaremos de um assunto que foi um dos tópicos que mais bombaram em 2022 e agora em 2023, com o decreto do fim da pandemia, parece que tem retomado com força total nas pautas de discussões.
A pergunta de hoje é bem direta:
E aí? Funciona mesmo trabalhar remotamente? (abordaremos aqui uma perspectiva focada em times de Marketing, Vendas e CS, por motivos óbvios 😃)
E mais, reflete a minha opinião pessoal sobre os fatos, ok? (antes de me jogar pedras, te convido à reflexão abaixo). Vamos lá?
Uma outra perspectiva
Antes de responder a pergunta acima, quero trazer uma perspectiva employee-centric (ou seja, centrada no colaborador).
Afinal, a Internet está cheia de artigos escritos por fundadores e gestores, que por razões óbvias, taxam sumariamente o remoto como um fracasso.
O legal é que essa news é lida por muitos(as) fundadores(as) e gestores(as). Sendo assim é contigo mesmo que eu quero conversar hoje!
Hoje quero falar do remoto a partir de uma visão de experiência do colaborador (ou como os times de pessoas falam: “Employee Experience”).
Que tal começarmos perguntando aos colaboradores o que eles acham?
A pesquisa abaixo perguntou para mais de 9 mil profissionais da indústria do conhecimento (em 6 países) qual a percepção deles em relação à elementos fundamentais como: Equilíbrio Trabalho/Vida, Satisfação com o arranjo do trabalho, Estresse/Ansiedade, Produtividade e Senso de Pertencimento.
Em resumo, a percepção sobre a mudança do escritório para o remoto impactou positivamente 4 dos 5 aspectos listados. O único item que ficou aquém foi o “Senso de pertencimento”.
Sendo mais objetivo, a pesquisa acima (“The Remote Employee Experience Index”) diz que colaboradores conseguem:
Controlar melhor vida e trabalho quando estão remotos (+25.7%);
Ter mais satisfação com o arranjo de trabalho (+20.1%);
Gerenciar melhor questões relacionadas ao estresse no trabalho (+17.3%);
Melhoria na produtividade (+10.7%);
Ter uma queda no senso de pertencimento na empresa (-5.0%).
A minha experiência pessoal
Eu sou suspeito para falar mas sou totalmente favorável ao remoto, principalmente pelas experiências positivas que pude viver em minha vida (numa perspectiva de colaborador) e em minha carreira (numa perspectiva de gestor de equipes remotas).
Como colaborador-remoto, eu:
Eliminei tempo inútil de deslocamento da minha vida (algo entre 1 e 2 horas diárias / já chegou a somar 4 a 6 horas diárias quando eu morava em São Paulo/SP);
Pude viver a paternidade de uma forma totalmente diferente e presente (consigo fazer pausas para tomar uma água/café e ver minha esposa e filhas, consigo conciliar melhor meu tempo e levar minha filha nas aulinhas de música, etc);
Consegui construir um estado de hiper-foco para a realização das minhas rotinas (dado que não sou interrompido sem permissão / as interrupções são totalmente administradas de forma assíncrona através das tecnologias que facilitam este tipo de trabalho);
Consegui ter mais liberdade para tocar meus projetos pessoais e/ou outras atividades (tais como idas ao médico com esposa e filhas);
Pude trabalhar em projetos em outros estados/países (podendo assim ampliar meu networking e minhas projeções profissionais);
Pude criar ancoragem entre receitas e despesas (ou seja, trabalhar em projetos, empresas e regiões que pagam uma taxa maior e ter despesas em cidades/regiões com um custo de vida reduzido e IDH maior);
Consegui dormir mais (dado que só me basta acordar, tomar banho me arrumar e me deslocar do quarto para o meu escritório, na sala ao lado do meu quarto);
Consegui ler e estudar mais (dado que desperdiço menos tempo com tempo improdutivo como cafés e conversas improdutivas);
Etc (poderia listar mais umas 100 razões que me fazem ser apaixonado por esse modelo, em uma perspectiva de colaborador).
Como gestor-remoto, eu:
Pude abrir meu leque de contratação e contratar pessoas brilhantes localizadas em outros centros/cidades/regiões (e não ficar limitado ao meu raio de atuação presencial);
Pude juntamente às minhas equipes vender contratos enterprise (com tickets elevados) em outras regiões sem nenhum custo de deslocamento;
Pude exercer uma gestão baseada na confiança (e não no microgerenciamento);
Me organizei melhor e comecei a utilizar mais ferramentas e processos que garantissem a continuidade do negócio (mesmo quando eu não estava ON ou até mesmo quando estava de férias);
Pude expandir minhas operações internacionalmente antes mesmo de ter um escritório local em outro país (me permitindo assim testar hipóteses e validar produto em mercados distintos);
Me tornei mais essencialista e comecei a evitar reuniões desnecessárias (ou que poderiam ter sido um e-mail);
Entendi que as pessoas gastam a mesma quantidade de energia que utilizariam para trabalhar e entregar atividades, para gerir a expectativa de gestores inseguros;
Incentivei meus colaboradores a terem projetos-paralelos (consultorias, mentorias, freelas, newsletters, etc). Afinal, se as pessoas farão de qualquer forma, por que não dar a confiança para que elas façam e compartilhem comigo? (mais uma vez, confiança);
Deixei de me limitar pela minha geografia e passei a pensar globalmente (mesmo agindo localmente);
Pude acessar talentos top-performers que não acessaria caso exigisse que a posição fosse presencial (os melhores em suas profissões podem ser dar ao luxo de escolherem como e onde querem trabalhar / você acredita que os(as) melhores querem mesmo escolher ficar trancafiados em um escritório o dia todo, tais como ratos de laboratório?);
Pude pagar salários melhores (dado que não precisei mais gastar com uma série de custos fixos como escritórios caros e que serviam mais para massagear o ego do que encantar clientes);
Etc (poderia também listar mais umas 100 razões aqui para defender os benefícios do remoto).
Remoto-internacional
Acho que de todas as perspectivas sobre o remoto, essa deva ser a mais desejada na atualidade.
Empresas de outros países possuem uma janela de oportunidade incrível para pescarem profissionais talentosos em países como o Brasil.
E aqui no Brasil, com a redução das vagas remotas, profissionais tendem a ficar cada vez mais interessados (principalmente top performers) em se desenvolverem cada vez mais para abrirem esse leque de oportunidades internacionais.
Empresas que se fecham para o remoto, passam a colocar os seus profissionais a disposição de hunters internacionais. A única barreira ainda é a do idioma (e várias empresas já estão dispostas a contratar primeiro estes profissionais e somente depois formá-los em idiomas como Inglês e Espanhol).
A Husky (fintech que foi recentemente comprada pela Nomad) fez uma pesquisa e constatou que:
“O número de brasileiros que vivem aqui (Brasil) e trabalham para outro país aumentou 491% entre 2020 e 2022.”
Remoto em áreas de receita
Em áreas como Marketing, Vendas e CS, o remoto veio para ficar! Para que este modelo funcione, algumas questões devem ser observadas:
É preciso abandonar o microgerenciamento;
Liderança (e não chefia) de pessoas é pré-requisito para dar certo;
A comunicação precisa fluir de forma assíncrona e em canais digitais intencionalmente pensados para isso;
As empresas devem ter uma cultura forte de utilização de sistemas (Ex: CRM em Vendas, Gestão de Entregas em Marketing e Soluções de Atendimento para Suporte e CS/CX);
Confiança deve vir em primeiro lugar;
É preciso implementar sistemas de governança e rituais (como dailies, weeklies e outros tipos de encontros);
O escritório precisa funcionar na nuvem antes de qualquer coisa;
Os objetivos e metas precisam ser claros e compartilhados (OKRs, Avaliações de Desempenho, Avaliações 360 graus, etc);
Toda reunião precisa ser questionada previamente (e as pessoas participantes precisam ter uma razão muito necessária de participarem / caso contrário devem se sentir confortáveis para declinarem);
Mesmo em uma cultura híbrida, o pensamento deve ser “remote-first” (se existe uma pessoa fora do escritório, a cultura deve ser inclusiva e funcionar para acomodar essa pessoa dentro da empresa).
Considerações finais
Como fundador(a), você tem todo o direito de discordar da minha visão (e está tudo bem). Afinal, essa news representa um conteúdo autoral (e de opinião).
Mas antes e finalmente, eu só gostaria de te fazer refletir a partir de alguns pensamentos que comunicam fortemente com a minha essência pessoal e profissional:
Greg Caplan da Remote Year:
“É um equívoco falar que os trabalhadores remotos sejam preguiçosos ou não tão produtivos ou que não façam tanto quanto os presenciais. Confiança é realmente importante. Se você tem desconfiança no relacionamento e exige que sua equipe esteja na sua frente para que você possa olhar sobre seus ombros ou olha para as telas de seus computadores, eles também não funcionarão com um nível de confiança. Em um ambiente remoto, você tem essa confiança e as pessoas geralmente estão realizando mais trabalho. Eles são mais produtivos e capazes de ter sucesso”
Jason Fried da Offince Not Required:
“Um dos benefícios secretos do uso de trabalhadores remotos é que o trabalho em si se torna o parâmetro para julgar o desempenho de alguém”
Um pensamento meu (Thiago Lisboa) sobre o trabalho remoto:
“As pessoas precisam encaixar o trabalho em suas vidas (e não o contrário). Tratar colaboradores como adultos e liderar com base na confiança é uma tarefa árdua e que poucos líderes estão dispostos a fazer. Sabe por que? Pois envolve gerir as pessoas em uma perspectiva integral (pessoal e profissional). A maior parte dos gestores não querem ter esse trabalho. São apenas chefes. Por isso, se você quer criar uma vantagem estratégica e competitiva no seu negócio, considere o remoto e contrate líderes (e não chefes). Pessoas responsáveis, tratadas como adultos e empoderadas para fazer o seu melhor, são mais felizes e rendem melhor!”
Ufaaa! Gastei toda a minha inspiração aqui nesse final! 😅
Caso esta edição tenha feito você refletir, deixe um comentário no final me contando a sua experiência com o remoto! Adorarei ler opiniões (mesmo que divergentes).
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Se você chegou até aqui, muito obrigado pela sua leitura! Nos vemos na próxima quinta-feira! :-)
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